Os reais cães que trabalham no auxílio de pessoas com problemas de saúde.
/Olá pessoal! Essa semana eu fiz um vídeo, ao vivo, falando sobre a minha preocupação com uma nova categoria de supostos cães de terapia que tem surgido aqui no Brasil, e como existe uma diferença bem clara, desse proposto formato, com o que os cães realmente podem fazer para auxiliar pessoas com problemas de saúde. Nesse artigo eu vou compartilhar com vocês alguns exemplos do que esses cães realmente podem fazer, e como em todos esses trabalhos, o objetivo é realmente auxiliar pessoas, e não fazer do cão o entretenimento.
Nesse primeiro vídeo vocês podem ver um cão que foi treinado para detectar possíveis crises de diabetes. O cão aprende a fazer essa detecção identificando o odor do suor ou saliva da criança, através do gosto doce (insulina alta) ou mais amargo (insulina baixa), e indica que a criança precisa fazer o teste. Vocês podem ver como a criança se tornou mais independente e a família ficou mais segura, sabendo que o cão vai estar sempre ali para alertar sobre um possível problema. Isso é quando o cão realmente tem uma função específica. Esse é um cão que trouxe mais liberdade e inclusão para essa criança.
Nesse segundo vídeo vocês podem um caso de um cão que começou sua jornada no programa de prisão, sendo criado por detentos dentro do sistema prisional. Esse é um programa aonde os presos são responsáveis pelo treinamento e rotina diária do cão, e tem sido muito produtivo para garantir a reabilitação de pessoas dentro do processo de cumprimento de pena.
Durante esse período, Dexter mostrou naturalmente a sua habilidade de detectar crises de diabetes em pessoas, sem nenhum treinamento prévio para isso. Vendo essa habilidade, Dexter começou a ser treinado por essa equipe para ajudar na detecção de convulsões em pessoas, e assim ser colocado no programa da empresa Little Angels. O seu treinamento incluiu todo o processo de exposição à lugares diferentes, e sua habilidade de parar o que estivesse fazendo para detectar uma próxima convulsão. Hoje Dexter vive com essa família, e não só aprendeu a detectar todas as crises da menina, mas também a alertar os pais através de uma campainha (que envia uma mensagem para o celular dos pais) quando isso acontece.
Nesse próximo vídeo vocês podem ver um senhor que mostra quando sua cadela Annie está tentando alertá-lo sobre uma convulsão. Ele não entende o que ela quer no começo. Como ele está sentado numa mesa de escritório, ela tenta tirar os objetos da mesa para evitar que ele se machuque, caso ele caia em cima da mesa. Ele entra em convulsão e cai para o lado. Annie se joga em baixo dele para evitar o impacto da queda.
Na segunda parte do vídeo ele simula uma convulsão. Annie fica bem agitada mas tenta virar ele de lado para evitar que ele sufoque. Depois que o alarme toque e ele confirma que está tudo bem, ele pede para ela deitar, esperar e oferece um pedaço de comida como recompensa. Vejam que mesmo esses cães, que fazem esse tipo de trabalho, também tem regras.
Nesse próximo vídeo, da empresa Medical Mutts, vocês podem ver como um cão de serviço deve se comportar em locais públicos. Eles mostram como é importante que o cão se mantenha calmo e focado no condutor o tempo todo. O vídeo também enfatiza a importância de respeitar o espaço das pessoas e não permitir que o cão seja invasivo com ninguém, ou mostre qualquer sinal de agitação - parece familiar?
Vejam que os cães não devem se tornar o evento, e todos devem aprendem a respeitar comandos simples como sentar, deitar, andar ao seu lado sem puxar, voltar pra você e não pegar coisas ou comida do chão. Ela também fala sobre a questão da interação de estranhos, e como isso não deve acontecer de forma deliberada, ou seja, o cão jamais deve iniciar essa atividade. Uma coisa bem legal que ela diz sobre cães de serviço é que esses são os animais mais cobrados no sentido de comportamento exemplar na sociedade. Eles devem ser os exemplos, por isso, o treinamento deve ser ímpar e o cão deve ser sempre trabalho dentro desses padrões.
Esse próximo vídeo é um exemplo de teste, na prática, para a certificação de um cão de serviço. O teste inclui todos os momentos do cão e seu condutor, num ambiente social. O condutor e seu cão são testados em suas habilidades de:
Fazer o cão esperar de forma calma, antes de sair do carro.
Fazer o cão sentar e esperar para colocar o colete.
Manter o cão calmo quando outro cão passa na sua frente.
Fazer o cão esperar em todas as passagens de portas.
Manter o cão ao seu lado, caminhando dentro do shopping, em todos os momentos.
Mudanças de ritmo e direções em corredores mais estreitos, sem incomodar ninguém.
Entrar e sair do elevador, além de se manter calmo no elevador.
Controle de reações quando algum som diferente ou barulho surge.
Saber esperar embaixo da mesa enquanto o condutor come.
Saber ignorar comida do chão.
Saber se manter calmo quando um estranho se aproxima.
Nesse último ponto, ele enfatiza que estranhos nunca devem interagir com cães de serviço, porém se houver uma emergência médica, isso vai ter que acontecer, então o teste é, o cão deve manter a posição do senta, mas sempre ter contato visual com o condutor e esperar seu devolvido para o mesmo.
Além desses pontos o teste envolve a habilidade do cão de subir e descer escadas de forma calma, e saver sair do ambiente também respeitando as entradas e saídas. Lá fora, o cão deve poder caminhar ao lado do tráfego de carros sem mostrar agitação, medo ou ansiedade. Esse é um teste sensacional que todos os cães deveriam passar antes de frequentar locais públicos.
Esse próximo vídeo mostra um único cão que foi aprovado para o programa de terapia assistida nesse hospital de crianças. O trabalho dele é auxiliar no processo de recuperação e motivar as crianças na fisioterapia para recuperar os movimentos dos membros afetados. Ele participa das sessões de fisioterapia, e as crianças aprendem a estar com ele, como um elemento motivador no processo de reabilitação. Ele trabalha com uma criança de cada vez, e seu trabalho é muito bem direcionado.
Vejam que estamos falando de um cachorro de extrema habilidade. Ele é incrivelmente calmo e tolerante, e mesmo assim, ninguém fica em cima dele o tempo todo. É muito mais a sua presença e participação no processo que fazem a real diferença.
Nesse último vídeo vocês podem ver um cão que foi alocado numa família que tem uma criança com autismo e problemas de audição, entre outros. Esse é um vídeo que chama bastante atenção sobre o crescimento do mercado de cães de terapia, e como muitas empresas tem vendido certificados pela internet - sem qualquer teste de treinamento - apenas para ganhar dinheiro em cima de pessoas que querem usufruir dos benefícios de acesso que esses cães tem. Ela fala bastante sobre os riscos de obter esse certificado sem um devido treinamento e como esses falsos cães de terapia tem sido responsáveis por acidentes e até ataques à reais cães de serviço.
O meu objetivo com esse artigo é mostrar que existe sim um espaço valioso para cães de serviço, mas esse trabalho requer um treinamento e dedicação que muitas pessoas não estão dispostas a ter. Os reais cães de serviço vivem para esse trabalho. Eles fazem isso todos os dias e são trabalhados diariamente nas suas tarefas. Esses não são cães que só estão aí para trazer validação para as pessoas, eles realmente tem uma função. Se você quer formar um real cão terapeuta, faça a sua parte, e tenha em mente que sua responsabilidade social será ainda maior do que a de qualquer outro dono de cão. Seja o exemplo em qualquer lugar e faça disso uma real missão, não apenas uma distração de fim de semana para sair bem nas fotos.