Como estabelecer comunicação e confiança com cães medrosos.

Medos, inseguranças e fobias são sintomas que vemos regularmente em cães domésticos. Muitos desses cães foram privados de exposição e criação de associações corretas na primeira fase da vida, outros tiveram experiências negativas e muitos, nenhuma direção ou orientação de humanos.

O trabalho de reconstrução com esses cães requer uma postura mais neutra, com sensibilidade e objetividade para abrir um canal de comunicação aonde nunca antes existiu. Muitas pessoas falham por tentar fazer essa aproximação apenas usando a emoção e a percepção humana, aonde as palavras e o contato físico são prioridade. Isso é um grande erro que pode potencializar ainda mais o problema desses cães.

Nesse artigo eu compartilho com vocês alguns vídeos que mostram alguns desses casos e como a postura correta, com sensibilidade e objetividade pode abrir as portas para um novo mundo de respostas para esses cães.

Neste primeiro vídeo vocês vão ver Tyler Muto trabalhar pela primeira vez com Nugget, um cão agressivo, semi-feroz, que chegou ao seu centro de treinamento. Ao trabalhar com cães como este, Tyler prefere não seguir uma abordagem pré-determinada, passo a passo. Em vez disso, Tyler está lendo atentamente o momento do cão e criando um diálogo através do entendimento mútuo.

No vídeo, vocês verão Tyler dando a Nugget um muito sutil “dar e receber”, para demonstrar a ela que ela está sendo ouvida da mesma maneira que está recebendo orientação.

Com uma ênfase dedicar tempo e ouvir o cão, este é um ótimo exemplo de como Tyler começa o processo de reabilitação para cães medrosos.



Nesse segundo vídeo vocês podem ver Jeff Gellman trabalhando com um cão medroso, na introdução de pressão na guia e introdução da cama suspensa para exercícios posteriores.

Dentro dessa prática vejam que existem poucas palavras, mais observação, muita paciência e muitas repetições com pausas para criar a associação ideal.

Nesse terceiro vídeo o caso é bem extremo. Esse é um cão que vive num abrigo e que nunca aceitou a guia, por isso nunca saiu e jamais aproveitou o mundo exterior, vivendo sempre dentro do seu canil.

Esse é um exemplo aonde Jeff prioriza o uso da prong collar para evitar que o cão se machuque, já que ele resiste à guia se jogando no chão, girando, mordendo e com esses movimentos ele poderia se enforcar sozinho se estivesse usando uma guia unificada ou enforcador.

Outro ponto interessante desse vídeo é poder ver o uso da comida do dia ao longo do processo. Muitas vezes cães medrosos não aceitam comida, mas quando aceitam, devemos saber usar essa oportunidade para progredir no processo de reconstrução do jeito certo.

Ao final do vídeo foi possível levar o cão até o rio que fica nas proximidades do local e introduzir a ideia de se mover na água. Tudo isso foi importante para abrir novas portas de possibilidades para um cão como esse.

A mensagem importante de todos esses vídeos é simples; cães podem estar numa situação de medo mas não precisam viver assim para o resto de suas vidas. Ter pena, e querer acomodar esse medo não resolve a situação. É preciso poder orientar o cão para que ele vença os medos e enfrente os desafios. É assim que se estabelece uma relação de confiança entre o cão e o humano, e é assim que se inicia uma jornada de auto confiança para os cães.

Ser sensível não significa ver o cão como vítima. Ser objetivo não significa ser insensível. Saber equilibrar as emoções e aplicar práticas corretas é a chave para a mudança real na vida desses cães. Mudanças são necessárias e às vezes desconfortáveis, mas os resultados são sempre libertadores.