Confissões de uma Treinadora de Cães: Capítulo 22.
Transformação é algo permanente, não momentâneo. Leva tempo e exige paciência. Tanto em nós quanto em nossos cães, mudar hábitos é um processo desafiador, mas profundamente recompensador. Se queremos uma mudança de vida para nós ou nossos cães, precisamos adotar hábitos e práticas que nos transformem para sempre. Essa é a grande lição que o treinamento nos ensina.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 21.
Os desafios dentro do treinamento de um cachorro são muito parecidos com os desafios que qualquer um de nós, como indivíduos, precisamos passar. Aprender a diferença entre certo e errado, assumir a responsabilidade pelos erros sabendo lidar com as consequências, lidar com altos e baixos sem perder a cabeça, aprender a se auto-regular em situações difíceis, encarar o universo social de uma maneira civilizada e amadurecer sabendo como lidar com surpresas. Não é exatamente o mesmo processo?
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 20.
Mas de onde exatamente vem a vontade de desistir? No meu caso, quando sentia isso, vinha de um elemento bem simples: a exaustão e o sacrifício por um ideal batalhado não compartilhado por boa parte da população. É saber que você pode ajudar, e quem sabe mudar o rumo da vida das pessoas com seus cães, e entregar tudo isso de graça para uma sociedade que escolhe a apatia e a falta de ação. Realizar que vivemos num mundo aonde as pessoas fecham os olhos para realidade sempre foi muito difícil pra mim, e dentro da profissão isso foi mais um obstáculo.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 19.
Mostrar fortaleza é literalmente se forçar a brigar contra tudo aquilo que vem pra te testar. Os testes da vida vem quando você menos espera e se apresentam com o objetivo de evolução ou regressão. Essa é a prova. Quando tudo desmorona ao seu redor, aquilo que você se propôs a fazer vai ser feito ou vai ficar de lado? Quando ficar difícil você vai continuar ou vai jogar a toalha? Essa cobrança vem de dentro foi assim que aconteceu a minha reviravolta.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 18.
Essa etapa de nossas vidas é muito importante porque aprendemos a equilibrar a balança entre as nossas necessidades individuais e o que é necessário para a sobrevivência do grupo. Aprendemos a abrir mão de algumas coisas pelo bem de todos. Perdemos aqui mas ganhamos ali. Inclusão. O que ganhamos nesse momento é a oportunidade de pertencer. O grupo parece ser sempre mais forte do que o indivíduo sozinho.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 17.
Por eu ser uma pessoa muito observadora, essas coisas sempre me chamaram atenção. Como que uma indústria de treinamento de cães, na era moderna, funciona com premissas tão simples de desconstruir? Como é que uma sociedade inteira esquece da sua própria história e passa aceitar coisas sem qualquer questionamento?
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 16.
Esses dias eu li uma frase que disse: “se você quer incentivar alguém a fazer alguma coisa nova, faça dessa atividade uma coisa simples de aprender.” Simplificar é usar objetividade na instrução. Já é difícil motivar e impulsionar a cultura do treinamento de cães, mas quando floreamos demais, só estamos complicando e fazendo com que esse processo se torne muito mais difícil do que deveria ser. De novo, a culpa aqui é nossa.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 15.
Vimos muita demanda de serviços mudar, e muitos profissionais ficarem desmotivados. Eu acredito que essas surpresas servem para nos ensinar. Nunca podemos contar com apenas uma vertente do negócio, e precisamos criar um modelo que acomode diferentes alternativas, passíveis de sobrevivência em situações aonde o mercado sempre pode se ajustar.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 14.
Entender a realidade do outro não significa que seu modelo de treinamento vai ficar pior ou menos eficaz. Esse grau de compreensão nos faz focar nos pontos que são mais significativos para a modificação comportamental dos cães, mesmo que seja em coisas bem simples como ajustar a forma de caminhar com o cão, ou uma boa adaptação na caixa de transporte. Para muitos clientes, é apenas isso que eles querem.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 13.
Eu lembro que a era das redes sociais ainda estava em sua infância e existiam muito poucos profissionais com conteúdo online disponível. Era tudo meio que misterioso e as pessoas ficavam sabendo sobre bons profissionais apenas por indicação. Quando o Zico era pequeno, ainda com uns 5 meses, eu cheguei a contratar um profissional para fazer uma consulta comportamental.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 12.
Um dia fui até lá e vi o cão. Era uma fêmea da raça Basset Hound. Eu fiquei apaixonada. Tempos depois ele comentou comigo, num tom de brincadeira, que seria legal se nós tivéssemos um cachorro. Era um domingo e naquela hora eu já entrei na internet para procurar. Ele se assustou e disse que só estava brincando. Falou que eu deveria pensar bem porque cachorro prende muito a pessoa e eu poderia me arrepender.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 11.
Naquele momento a lição para mim era sobre mérito. Não basta apenas querer, é preciso construir, se dedicar, e encontrar seu caminho, independente do que os outros podem te dar. Eu comecei a trabalhar nessa época, mesmo ainda estando na escola. Assim, eu poderia começar a construir o meu caminho, pra um dia chegar lá. Claro que eu aprendi a gostar da vida de adolescente e me diverti bastante como todos os jovens fazem, mas a ideia de ir embora ainda estava lá.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 10.
Outro aspecto interessante sobre práticas investigativas é a reconstrução de cenas passadas para entender ou tentar visualizar um cenário que causou o crime em si. Pensando por esse ângulo, essa atividade nos permite avaliar um cenário com poucas peças, e tentar preencher as lacunas com padrões de comportamentos passados, chegando assim, mais próximo da interpretação real.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 09.
Sim, somos mais duros, mas somos assim porque queremos o melhor para os cães. Sabemos que uma criação repleta de liberdades e opções pode ser a condenação desses cachorros, e sabemos também que um discurso leve demais, só acomoda os donos naquele estado de inércia e falta de atitude, que só contribui para o fim dessa relação com o cão.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 08.
Quando eu cheguei, ela estava num daqueles pequenos canis de grade que existem nos pet shops, dentro do banho e tosa, aonde os cães aguardam depois do banho. Ela estava toda encolhida e encostada no fundo da parede, imóvel. Abri a grade e fiquei esperando. Cães assim tem pouco contato com pessoas, então é preciso ter muita paciência para não causar um impacto negativo e desencadear uma mordida nesse primeiro encontro.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 07.
Coloquei meus chinelos, minha mochila nas costas e levei uma guia, só pra garantir. Fui caminhando sozinha, pensando que ela não estaria mais lá, mas, dobrando a esquina, olhei para o cercadinho e lá estava ela, com as patas debruçadas na grade, a língua pra fora, olhando na minha direção. Corri na direção do cercadinho e fui direto nela. Estava um dia muito quente, quase 36 graus de calor…
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 06.
Assim que ela chegou eu vi que ela tinha uma marca no pescoço, provavelmente de coleira. Parte dos pelos estavam faltando, como se ela tivesse usado uma coleira por muito tempo e a pele não respirava. Ela já deveria ter tido algum dono, mas todas essas são suposições e na verdade nunca vamos saber de onde ela realmente veio. Ela parecia ser jovem, não tanto como a Lucy era quando chegou, mas por volta de 2 anos no máximo.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 05.
Lucy foi encontrada nas ruas da Granja Viana, por uma amiga minha que resgatava alguns cães da região. Essa amiga eu conheci quando adotei a Malu. Foi ela que encontrou a Malu naquela mesma região e a trouxe pra mim. Ficamos amigas e me lembro quando ela falou sobre a Lucy. Meu namorado, na época, nem queria saber de mais um cachorro aqui, mas eu fiquei curiosa e um dia fui até a casa da minha amiga, junto com o Zico a Malu, para ver quem era essa cachorra.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 04.
Cães da mesma casa que brigam: em vários episódios víamos momentos desses cães caminhando juntos, e até mesmo com múltiplos outros cães. Víamos momentos com esses cães circulando livres em quintais de casas e até em parques, porém, o que não poderíamos ver é o dia a dia desses cães e a rotina da família com eles.
Confissões de uma treinadora de cães: Capítulo 03.
Já de cara uma das alternativas que eu tinha para moldar alguns treinos com ela estava fora de questão. A rotina da família exigia que a cadela ficasse sozinha em casa por muitas horas e a possibilidade de horários para caminhadas eram bem limitados. Esse não foi um caso excepcional mas foi um caso que me fez repensar sobre muitos dos conceitos que eu tinha na época.